O Espaço Artístico da
Fotografia
A
fotografia sempre sofreu questionamentos em relação a sua capacidade de ser
arte. Isso muito pelo fato do uso desta para a documentação topográfica e
científica. Além da questão da
fotografia registrar um referente no mundo, ou seja, o que de fato existe ou
existiu. Assim, se sua expressividade era possível diante das obras de artes
advindas da pintura, desenho etc. diante destas, digamos, restrições criativas.
Bem, todos esses conceitos em diversos trabalhos teóricos já são debatidos
incansavelmente demonstrando o quanto a fotografia é muito mais abrangente. A
fotografia, a meu ver, possui uma especificidade de outra ordem que a difere
das artes tradicionais. Além disso, a fotografia é capaz de uma grande
abrangência, desde as fotografias caseiras até trabalhos conceituais e
criativos que a tem como principal material de base ou mesmo para alimentar e
enriquecer o trabalho criativo do artista. Nunca tanto como agora, teóricos
trabalham para definir a complexidade do que a fotografia tem em seu arcabouço.
Um destes trabalhos é da diretora de criação do Museu da Mídia do Reino Unido,
Charlotte Cotton: A Fotografia como Arte Contemporânea.
De
uma forma muito leve, apresenta algumas categorias das quais acredita que se
dividam os fotógrafos da atualidade, a saber:
Era uma vez: trabalho que encerra em uma única
fotografia uma narrativa geralmente ligada a histórias do inconsciente
coletivo, fábulas, contos de fadas ou situações que nos faz criar ou pensar em
nossa própria narrativa.
Inexpressivas: fotografias que tiram toda a dramaticidade
do momento ou da pessoa retratada. São frias e distantes numa tentativa de
total neutralidade.
Alguma coisa e nada: uma alteração dos objetos cotidianos
recriando uma nova maneira de vê-los. Recolocados, mantêm a realidade física,
todavia, abrindo a possibilidade para novas visualidades.
Vida íntima: trabalha a intimidade pessoal do fotógrafo
ou das pessoas em torno.
Tem um tom espontâneo e confessional. Aqui entra os trabalhos
fotográficos domésticos. Uma das principais artistas desta categoria é Nan
Goldin.
Momentos na história: na contramão do fotojornalismo, os
fotógrafos não trabalham com o momento decisivo, mas com o momento posterior a
este. No que sobra ou no que advém do momento de impacto do acontecimento.
Revivido e refeito: a fotografia que recria espaços e momentos
já realizados ou trabalhos já consagrados. Uma nova perspectiva para questões
culturais. Cindy Sherman e Vik Muniz são mencionados aqui.
Físico e material: a fotografia vista pela sua materialidade,
ou seja, sua matéria prima. Pensamentos acerca da película fotográfica e o
digital.
Todo
esse levantamento é tem como base o capítulo intitulado Se isto é arte, além de uma Introdução
que abre todo esse trabalho. Aqui vem toda a contextualização que deu ensejo
para o que fotografia é hoje.
Este
é uma obra que não trata em profundidade cada fotógrafo, mas proporciona um
ótimo material introdutório para cada um deles e um panorama claro e objetivo
da fotografia contemporânea.
#ficadica...
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